No contexto da actual crise financeira, vários estudiosos da "economia do futebol" têm comparado os grandes clubes de futebol com os grandes bancos: too big to fail. Quando um grande banco ameaça falir, logo recebe o apoio do Estado para evitar o chamado risco sistémico. Ou seja, os grandes bancos têm uma garantia implícita do Estado, o que lhes permite fazer todo o tipo de investimentos, incluindo os disparates que levaram à actual crise.
Os grandes clubes não têm essa garantia directa do Estado, mas têm-na de forma indirecta. De facto, são raros os grandes bancos que recusam financiar e refinanciar um grande clube de futebol. Sabem que, se o negócio correr muito mal, têm o suporte do Estado (indirectamente, via significado social dos clubes ; e directamente, via garantia implícita do Estado aos grandes bancos). É por isso que os grandes clubes internacionais - e alguns nacionais - continuam, alegremente, a apresentar défices monstruosos e a pagar fortunas loucas aos seus jogadores. A grande parte dos maiores de Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália estão enterrados em dívidas incompreensíveis. Isso não os impede de continuar a comprar e a comprar.
Em Portugal, a situação débil do Porto, do Benfica e do Sporting é evidente. Contudo, Porto e Benfica continuam a gastar de forma obscena. Já o Sporting decidiu assumir a sua pobreza. Mesmo para um não-sportinguista, como eu, é incompreensível a modéstia, o pudor e o quase-miserabilismo que o Sporting tem exibido. O exemplo mais recente tem a ver com a contratação do Carvalhal, que está a ter contornos intrigantes. Será que o Sporting não percebe que pode e deve ir mais longe? Sim, gastar o que não tem - qual é a novidade? Ou será que os bancos já não acham que o Sporting é um grande clube?
Finalmente, e parafraseando um grande Santo: "fazei com que o Sporting retome a sua grandeza, mas não já..."
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